A Comunicação Escola-Família
E
Ensinar, neste terceiro período, foi, de facto, diferente!
Partindo desta afirmação, não estaremos a exagerar quando afirmamos que nada voltará a ser igual!
Ficámos sem “sala de aula”, mas criámos várias salas dentro da nossa casa e em casa dos nossos alunos. Desenvolvemos competências em professores, pais e alunos como a autonomia e a resiliência, aliadas à capacidade de se ajustarem a novas formas de viver, de aprender e de ensinar. Às famílias foi pedido que mantivessem algumas rotinas e hábitos num contexto social e emocional que levou a um desafio constante da normalidade que conhecíamos.
Foi, provavelmente, o período letivo mais estranho das nossas vidas e, desta vez, fizemos tudo “sem rede”, sem tempo para aprender, testar e avaliar para melhorar.
A motivação dos alunos foi, seguramente, o maior desafio! Houve dias em que os alunos se sentiam comprometidos, mas existiram dias em que esse envolvimento não foi possível, sendo uma das nossas principais preocupações a saúde e a estabilidade mental dos alunos e suas famílias.
Se os professores do 1.º Ciclo eram considerados um prolongamento da família, neste período de distanciamento social e com o ensino à distância, esse facto tornou-se mais evidente e mais real, pois agora estávamos a entrar na casa das famílias de cada aluno.
As crianças não aprendem sozinhas, nem à mesma velocidade e a escola não é uma linha de montagem, em que todos são formatados da mesma forma. Cada criança é um ser com características próprias, com necessidades específicas e na educação desta jamais nos poderemos apenas centrar nos conhecimentos académicos. O desenvolvimento integral de uma criança, tão presente no nosso projeto educativo e refletido no próprio nome da escola, implica um desenvolvimento harmonioso em que os próprios conhecimentos, sentimentos e experiências devem ser a base da construção do conhecimento, promovendo aprendizagens verdadeiramente significativas.
A escola está em processo de reinvenção constante. Os conteúdos são cada vez mais interativos e transversais. O formato mais tradicional do ensino (característico de meados do século XX) ficou há muito para trás e, neste momento, dá lugar a novos aliados como os computadores e os tablets ou os telemóveis. Neste contexto, o ensino presencial e o ensino à distância têm de coexistir de forma mais coerente e suportada onde pais e professores interagem mais do que nunca.
O trabalho desenvolvido nesta época tornou-se redobrado, bem como o horário e a disponibilidade que foi quase total. A preparação das aulas, das atividades e das tarefas propostas aos alunos, bem como a sua aplicação, levaram a que os professores se reinventassem em tempo recorde, fizessem pesquisas e formação à distância, ao mesmo tempo que colocavam em prática tudo o que estavam a aprender.
Por outro lado, havia (e há) a saudade do olhar e do toque, dos abraços e risos, da empatia e cumplicidade que se cria, que não se explica e que estamos todos ansiosos por retomar. Se este período foi fácil? Não. Se neste período conseguimos concretizar os objetivos definidos no início do ano letivo? Talvez. Se sabemos que tudo é passível de ser recuperado? Sabemos que sim, mas nunca da mesma forma à qual estávamos habituados.
A base da nossa sociedade são as famílias e a escola é um apoio para essas mesmas famílias que buscam em nós suporte para estes tempos mais incertos. Assim, mais do que nunca, trabalhar em conjunto e para o mesmo fim, fez e continua a fazer todo o sentido, pois em equipa vamos mais longe! Agora importa prepararmo-nos da melhor forma para enfrentar o próximo ano letivo e os desafios que estarão à espreita na certeza de que tudo ficará bem!
Julho| 2020