Empatia no Ensino da Matemática! SIM
“ “O computador nunca substituirá o professor. Por mais evoluída que seja a máquina, por mais que a robótica profetize evoluções fantásticas, há um dado que não pode ser desconsiderado: a máquina reflete e não é capaz de dar afeto, de passar emoção, de vibrar com a conquista de cada aluno. Isso é um privilégio humano.”
Escrever sobre a importância da empatia e da simpatia no ensino da Matemática é escrever sobre afetos, sobre emoções! Os afetos são um ingrediente cada vez mais importante na relação entre professor e aluno e, consequentemente, na aprendizagem efetuada.
Não temos dúvidas de que o benefício é mútuo, ganham os alunos e ganham os professores; na realidade, o aluno só terá a ganhar, se existir uma boa relação com o professor, seja ele de Matemática ou de outra disciplina.
É verdade que, muitas vezes, basta dar lugar ao desenvolvimento de afetos para que o click do aluno aconteça ou desenvolva e se comece a efetivar uma real aprendizagem.
_ Melhoram a atenção;
_ Melhoram a motivação;
_ Melhoram o empenho;
_ Melhoram a resiliência;
_ Melhoram…
Quando os professores e os alunos permitem o desenvolvimento dos afetos (talvez mais fáceis e usuais nos alunos mais pequenos, mas tão necessários nos alunos adolescentes e mais velhos) é mais fácil ao professor criar um ambiente favorável às aprendizagens.
Falar de afetos é falar de conhecer e reconhecer o aluno, de saber ouvir, de entender melhor a sua realidade feita de sucessos e insucessos, de confiança e de receios, de certezas e de dúvidas, de passado e de presente, possibilitando mudanças de comportamento e de motivação face à disciplina.
_ As escolas alteram-se.
_ As famílias evoluem.
_ Os alunos não são os mesmos…
_ Os professores também mudam…
Há muito tempo que o professor já não é um mero transmissor de conteúdos. A sala de aula deixou de ser um local exclusivo de ensino de conteúdos matemáticos e cumprimento de programas. E os alunos esperam mais dos professores do que esperavam há algumas décadas.
Recordamos relações difíceis, dificuldades, mas sabemos que a empatia pode fazer a diferença. Não é tudo mas ajuda a parte a formar um todo! Enquanto professoras de Matemática, sabemos que é imperioso que o professor comece por ser uma pessoa próxima, que inspire confiança, que transmita a sua paixão por aquilo que faz e pela disciplina, em particular.
A confiança e a motivação são fundamentais para a sala de aula de matemática. Assentar o aprender em alicerces de confiança faz toda a diferença.
_ Empatia…
“Não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro (…) é compreender (…) é descer ao fundo do poço e fazer companhia a quem precisa… É saber abraçar a alma!”
A experiência que temos permite-nos dizer que, principalmente nos alunos mais novos, à custa de tanto manifestarmos este gosto de uma forma entusiasta e repetitiva, despertam um novo gosto, talvez para alguns até aí desconhecido.
É caso para dizer que entusiasmo gera entusiasmo, abrindo a possibilidade de podermos dar mais alguns passos importantes.
Na nossa visão de professoras de Matemática, a empatia é a forma de nos colocarmos no lugar do aluno, de o entendermos mesmo na dificuldade (e sobretudo aí), criando lugar para o erro e para o aprender através do erro, de o ouvirmos e de o motivarmos para conseguir sempre mais e melhor. Aceitar que não são todos iguais. Que há alunos com ritmos diferentes e no final com avaliações também diferentes, e isso não torna uns melhores que os outros.
Os alunos devem sentir isso.
Não há melhores, há diferentes!
Cada um é um aluno diferente… e acreditar no melhor de cada um é criar empatia!
A simpatia do professor face à disciplina é o gosto pelos conteúdos e pelo que se ensina. Um professor que faz o que gosta e ensina aquilo em que acredita é também um fator de diferença numa escola, em particular numa sala de aula.
Juntamos a empatia e a simpatia e basta? É suficiente para os nossos alunos aprenderem tudo?
Não!
É um facto… não é o suficiente.
O caminho das aprendizagens não se faz num estalar de dedos, é um caminho que implica trabalho. Nenhum aluno aprende matemática e se supera a si próprio enquanto aluno desta disciplina se não trabalhar. Arriscamos a dizer, se não trabalhar muito e muito regularmente.
As dificuldades vão surgir, o percurso não vai ser linear, nem sempre vai ser como se idealiza e nestas alturas pode surgir vontade de desistir. Mas esse é exatamente o que não pode acontecer.
_ Trabalho sem empatia?
_ Empatia sem trabalho?
Não basta gostar do professor e que o professor goste do aluno, não basta ter vontade de aprender e superar dificuldades. Há outra variável que é decisiva no efetivo processo de aprendizagem… o trabalho árduo!
Não conseguimos atingir os mesmos objetivos sem deixarmos para trás algum destes ingredientes.
E neste campo o empenho terá de ser do aluno. A diferença que o seu empenho fará nas suas aprendizagens será tanto maior quanto o trabalho realizado.
Enquanto pais e alunos, nunca esqueçamos que só conseguiremos saber se valeu a pena o esforço e a dedicação, se tentarmos.
A Matemática vale esse esforço!
Julho | 2020